Lápide

Quando eu morrer
quero virar uma rua
e abrigar em mim
amores, intrigas,
desejos, paixões,
lágrimas e alegrias.

Diferença nenhuma
do que sou em vida.

Fuga

O que me incomda
é essa culpa
sem sentido
a labutar no meu peito.

É essa minha covardia
em não oferecer a ela
um motivo de verdade
que, ao menos,
justifique sua dor.

Inveja

Queria ser como a lua
que não tem luz própria
mas brilha

Insípido

Nosso amor
chiclete velho

Perdeu a doçura
mas a gente reluta
em jogar fora

Frustração

A felicidade ali
à minha frente.

E minhas mãos atadas
a escrever este poema.

verbete

Poesia:
escavo,
escrevo,
escravo.

matéria

Incoerência sua.
Esse vazio que você deixou
ocupar todo esse espaço
chamado 'meu peito'.