É de chamar a atenção os mais de 70 comentários feitos por leitores do Globo Online na matéria sobre o enterro da menina Alana, morta em ação da polícia em Vila Isabel. Fica latente a diferença entre o tratamento dado a esta morte e a morte do menino João Hélio.
Desta vez sobram os incentivos a uma política de controle de natalidade e até mesmo à idéia de que é necessário morrerem alguns para se fazer justiça. A diferença de barbárie entre os casos é pouco para explicar as reações distintas. Elas se devem a uma forma diferente de encarar a morte de pessoas no asfalto e a morte de pessoas no morro. É como se o menino assassinado houvesse perdido, de fato, uma vida inteira pela frente. E que o destino da menina, no morro, fosse ser esse mesmo, sem mais saídas. No fim, tem gente culpando os moradores pela violência, a mãe por ter tido tantos filhos e daqui a pouco surgirá alguém culpando a menina por ter ido deixar a irmã na creche.
Quando a mãe de Alana fala a triste frase "Quem mora no morro não tem sonho" a gente deveria parar e refletir sobre que tipo de justiça nós realmente queremos. Mas a "classe média carioca" prefere auto-isentar-se da culpa e, no fundo, acaba achando que é isso mesmo. E, à noite, alimenta o sonho de um bomba "divina" destruir, quem sabe, todas as favelas da cidade. Sem saber que com esse pensamento, e suas atitudes conseqüentes, contribui ainda mais para fazer do Rio esta cidade partida.
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2 comentários:
Ora, que nem a política do "bandido tem que morrer", como se fosse existir um momento em que todos os marginais estivessem mortos e pronto, nossa sociedade sem violência...
De resto é isso ai que falou mesmo. Uma coisa é ser pobre, outra, não ser...
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