Mais uma terça-feira e o programa Observatório da Imprensa foi a ilha de salvação dentre os programas noturno. No meio de reprises cinematográficas e a volta de diaristas e afins, a atração da TVE novamente foi a voz dissonante e trouxe à baila um assunto que não poderia, de fato, ficar oculto: o papel da imprensa no retorno de Fernando Collor (PTB) ao senado federal.
O assunto já foi motivo de post neste blog, quando ressaltei a voz única do senador Pedro Simon (PMDB), contrário ao discurso de Collor, proferido na semana anterior ao seu. Entretanto, é curiosa a omissão da imprensa neste novo episódio, em que o ex-presidente, outrora presente em todas as publicações importantes do país, se faz de vítima e define seu processo de impeachment, com participação indiscutível dos jornalistas, como farsa e golpe.
A mídia perdeu uma grande oportunidade de discutir política de forma responsável e de rememorar à memória curta brasileira os reais motivos que culminaram com a deposição de Collor. Era a hora de dizer que, ainda que outros personagens políticos não tenham sido punidos por erros cometidos, a punição do alagoano não foi uma falha, como Collor quer fazer crer. Era a hora da imprensa ser imprensa. Mas ela preferiu ser vendedora de jornais e futura embalagem de peixes e frutos do mar. Por sorte, ainda contamos com o Observatório da Imprensa, que a cada dia que passa se mantém mais fiel ao próprio nome. Agradeço a Alberto Dines e sua equipe pelo espaço àqueles que ainda pensam em falar de política de forma séria, positiva e, acima de tudo, construtivista.
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