sexta-feira, 23 de março de 2007

Ao menos isso

Sei que o tempo passou. Mas faço questão de comentar. A fala do senador Pedro Simon (PMDB) na última quarta-feira, 14/03, trouxe um pouco a casa (e o país) à realidade. Assisti ao pronunciamento do senador gaúcho, bem como havia assistido à boa parte do discurso inaugural de Fernando Collor (PTB) no senado. Quando o ex-presidente falou parece que todo o plenário resolveu fazer sua mea-culpa, quase que se perdoando com Collor por tudo o que foi feito. A fala de Aloisio Mercadante (PT) quase se transforma no mais humilhante pedido de desculpas já feito em solo brasileiro.

Só salvou-se mesmo -e ainda assim, só na semana seguinte- a sobriedade de Simon, que decidiu usar o parlatório para relembrar aos colegas -e quem sabe, à nação- que a destituição do então presidente, em 1992, teve, sim senhor, muita motivação e muitos fatos para ocorrer. O debate foi marcante e contou com boas pitadas de ironia por parte de Simon. "Vossa Excelência, senador Collor, daria um bom advogado. Joga com os fatos com muita maestria", disse o gaúcho quando o ex-presidente argumentava que os fatos do STF (que não encontrou provas suficientes para condená-lo) não permitiam mais argumentos. E coube ainda a Simon traduzir a revolta de muitos contra o Supremo, que nunca, em sua história, condenou nenhum político. "O Brasil é o país da impunidade não porque quando o 'joãozinho' rouba uma galinha não vai preso. Mas porque nunca o Supremo Tribunal Federal condenou nenhum político. Nem um deputadozinho sequer", disse Pedro Simon.

Os apartes de Arthur Vigílio (PSDB), Tasso Jereissati (PSDB) e Aloisio Mercadante (PT) foram grandes justificativas pelos apartes durante o discurso de Collor. Pareciam meninos envergonhados, pegos com a boca na botija. Não sei se foi fisiologismo. Não sei se foi oportunismo. Sei que faltava uma voz coerente no senado. E ela veio com Pedro Simon. Somente por isso, palmas para ele.

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