terça-feira, 31 de julho de 2007

Pesar

Já se vão
365 longos dias
e a dor continua a mesma.

Não adianta.
A saudade
não respeita
os calendários.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Eu acho que ninguém merece

- O presidente da República, que levou incríveis três dias para dar uma satisfação à população após o acidente com o vôo da Tam, fazer piadinhas para "descontrair" o clima em sua primeira aparição pública pós-desastre;

- A tentativa em vão de D. Luís em querer salvar a imagem de inapetência e imobilidade do - até que enfim!!- ex-ministro Waldir Pires. Se D. Luís quis preservá-lo de sair como culpado da crise aérea, nesses dez meses, acabou deixando a impressão de que, se isso tivesse sido feito há tempos atrás, talvez a história fosse diferente. E menos nebulosa;

- O improviso, de muito mau gosto, de D. Luís ao afirmar que, quando entra em avião, "entrega a sua vida a Deus". Em qualquer contexto, a frase seria só mais uma das besteiras do presidente. No momento atual demonstra a falta de senso com os parentes das vítimas e beira à falta de respeito com todo o povo brasileiro;

- A proibição da Tam a seus pilotos de pousarem em Congonhas em dias de chuva. O que mudou? Era seguro antes e não é mais agora? Ou a Tam nunca havia reparado que não era?

- O ódio e a vociferação do governo, da Tam, da Anac, da Infreaero e do PT contra a imprensa pela cobertura sobre o acidente. É claro que há (e sempre haverá) excessos e ações dispensáveis. Mas, em um olhar geral, a imprensa tem sido fundamental na busca da responsabilização dessa tragédia.

A emenda foi ainda pior...

Muito mais obsceno do que o gesto de unir uma mão aberta e outra cerrada feito pelo assessor da presidência, Marco Aurélio Garcia, é o fato de ele estar comemorando uma suposta - e falsa!!- isenção de responsabilidade do governo no acidente do avião da Tam. Não importa se, naquele momento, ele era o "marquinho" e não o assessor da presidência. O que importa foi que ficou claro que a grande preocupação do governo é salvar sua imagem. Quando deveria ser salvar as vidas de novos passageiros pós-desastre.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Por onde anda?

Alguém poderia, por favor, pegar alguma declaração do Ministro da Defesa, Waldir Pires, após o acidente de ontem?

Aliás...

... por que não mudar o nome para Ministério da Auto-Defesa? Em todo o tempo que ocupou a pasta, Waldir Pires não fez nada além de se defender. E a aviação, literalmente, que se exploda.

Por onde anda? II

Alguém poderia, por favor, pegar alguma declaração da Ministra do Turismo, Marta Suplicy, após o acidente de ontem?

Previsão

Lá fora
está nublado.
Mas no meu peito
já começou
a chover.

Trágico governo

A falta de ações concretas e o excesso de bravatas e frases de efeito de nosso governo federal são fatores cruciais para o crescimento dos nossos problemas aeronáuticos, que atingiu seu ápice na tragédia de ontem, com o avião da TAM, em São Paulo. Nunca na história deste país, como repete D. Luís aos quatro cantos, tanta gente morreu em tão pouco tempo por conta de acidentes aéreos. O pior disso tudo, além da dor que contagia a todos nós diante de cenas de parentes desesperados e aflitos, é não termos a certeza de que amanhã ou qualquer outro dia esse recorde possa ser novamente quebrado pela inércia de um governo que, vergonhosamente e sem explicações plausíveis, mantém a frente do Ministério da Defesa um cidadão incapaz de controlar a crise aérea e que vê um novo acidente de grandes proporções ocorrer antes que o anterior tenha sido satisfatoriamente explicado.

Ainda que neste governo não houvesse qualquer outra falha (e há inúmeras), somente esta seria suficiente para que qualquer pessoa que dele faça parte, do chefe ao menor dos assessores, seja legitimamente vaiada em qualquer cerimônia pública onde a população, democraticamente, possa expor sua real opinião, sem as deturpações dos institutos de pesquisa. A suposta vergonha que as vaias atribuídas a D. Luís na abertura dos jogos Pan-americanos poderiam causar ao país é infinitamente menor do que os danos à imagem brasileira, no exterior, graças a incompetência do governo federal perante os problemas áereos do país. A esperança, que outrora vencera o medo, certamente explodiu ontem, junto com o avião da TAM.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

O PAN do Rio I

Emocionante a medalha de Diogo Silva no Taekwondo. Muito bom poder ver esportes que passam por tantas dificuldades durante anos a fio ganharem, por conta do sacrifício de técnicos e atletas, o lugar mais alto do pódio em competições como essa.

O pior é aturar uma cacetada de "dirigentes" querer assumir a "paternidade" deste resultado, agora que a "criança" veio com cor dourada. Gente assim, estamos dispensando. Gente como Diogo, estamos precisando...

Aliás e a propósito...

...Diogo é um exemplo vivo de como é possível combater, com armas mais simples do que caveirões, a entrada de jovens na criminalidade.

Esporte, educação, saúde e dignidade são mais do que suficientes para a formação de cidadãos que se destinem a viver longe do crime. Pessoas que, independente da profissão que seguirem, já serão campeões. Fosse um país sério, não seria nada difícil. É só fazer correto, sem reinventar a roda. Mas aqui é o Brasil. E tudo fica mais difícil...

O PAN do Rio II

Não acho que as vaias que aconteceram contra o Presidente Lula sejam essa calamidade que as pessoas estão comentando. São vaias democráticas contra um presidente que durante quatro anos, por questões políticas (mais do que isso, politicalhas), sufocou o quanto pôde o estado que, em 2001, mais votos o concedeu para realizar o sonho de um governo que durante anos D. Luís prometera e ao qual fez questão de renegar desde seu primeiro dia como Chefe da nação.

Discordo daqueles que dizem que a vaia manchou não a imagem de D. Luís e sim a Presidência da República enquanto instituição. Creio que elas foram direcionadas, claramente, à pessoa que ocupa tal cargo. Ainda mais no Brasil, país cujos eleitores são politicamente apartidários. E ainda creio que muitas das ações e, principalmente, omissões de D. Luís em mais de 05 anos de exercício (e devoção) do Poder contribuíram para manchar muito mais a faixa presidencial do que as vaias da abertura do PAN.

E o fato de o mundo inteiro estar ligado na cerimônia? Bom, para que, quem sabem, comecem a desconfiar que D. Luís é esse "salvador e advogado dos pobres e oprimidos" e, talvez, comecem a prestar mais atenção ao seu modo de (des)governar. Por mim, vaia para D. Luís e vaia para quem reclama.

O PAN do Rio III

A globo insiste. Mas o PAN é do Rio, e não do Brasil...

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Renan, o dono do circo

Desde o dia em que se levantaram suspeitas sobre suas negociações financeiras, o senador Renan Calheiros tem feito apenas uma coisa: esfregar, na cara de todo o povo brasileiro, o quanto somos palhaços diante de nossas autoridades. Renan é o único acusado que tem a prerrogativa de definir os passos do processo que existe contra ele mesmo.

Com expressão de escárnio e ironia, através de frases feitas e provocações sujas, o senador mostra para quem quiser ver a bagunça que nossas leis extensas e confusas permitem. E o pior é que, quem está do lado oposto, bradando pela ética e pelo decoro são aqueles que ou já estiveram ou, possivelmente, estarão no banco dos réus algum dia. São poucos, muito poucos, aqueles em quem podemos depositar a nesga, o resto, o retalho de esperança que pode ter sobrado em nós.

Não importa o que venha acontecer. Tudo o que já foi feito, dito, desmentido, foi o suficiente para nos dar a certeza cabal de que eles, proclamados como representantes do povo (deputados) e dos estados (senadores) não estão nem aí para nós. A guerra é entre eles, por poder, por dinheiro ou por cargos. E aos pacóvios que neles votaram (ou se abstiveram disto)? Estes que se deliciem com o PAN e que recolham-se para hibernar na ignorância que nos espera, até as próxima eleições.


sexta-feira, 6 de julho de 2007

Dores

eu
com torcicolo
só torço
por um colo

Comédia

Meu amor não é piada
mas é como se fosse
Quando você não entende
de primeira
perde a graça

terça-feira, 3 de julho de 2007

Entrelinhas do preconceito

Eu sabia que após a declaração digna de um asno proferida pelo nosso quase-militar-governador Sergio Cabral ("a população terá que entender o custo do estresse") alguém iria acabar dando uma escorregadela no preconceito. O que eu não esperava é que a declaração viesse logo do vice-reitor para assuntos comunitários da PUC, uma instituição católica, que deveria estar mais preocupada em pregar a união do que contribuir para a partilha que se encontra a cidade do Rio de Janeiro.

Augusto Sampaio alega que a favela da Rocinha não poderia passar por operação semelhante à realizada no Complexo do Alemão, dias atrás, devido a sua localização geográfica enquanto ligação entre Zona Sul e Barra da Tijuca. Nas entrelinhas, fica a idéia de que a população que reside no entorno do Complexo (rapaziada de Ramos, Olaria, Penha, Inhaúma e Bonsucesso) pode sim encontrar problemas no trânsito da Av. Brasil, uma das mais importantes vias rodoviárias da cidade. Agora, quem mora próximo às praias, ah não, esses não podem sofrer problemas durante seu percursso casa-trabalho-FashionMall-casa.

É certo que, fosse perguntado, o distinto Vice-reitor categoricamente afirmaria que este blogueiro entendeu mal suas palavras e que não teria sido isso o que ele queria dizer. Certamente que não. O interessante é que a ausência de intenção preconceituosa, longe de tranquilizar, ateia lenha à fogueira da preocupação. Porque demonstra que, dentro de nós, está fixada, solidificada e estabilizada a idéia de que, na cidade, moram dois tipos de cidadãos. Aqueles que, apesar de tudo, tem que passar pelas dificuldades mesmo. E os abonados, a quem não devemos e não podemos incomodar. Uma cidade dividida. Na economia, na geografia e, o que é pior, no coração de seus moradores.

PS: A declaração do Vice-reitor Augusto Sampaio está presente na edição de hoje do jornal O Globo, perdida num box da página 21.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Fragmentos de Pessoa

Algumas poesias sensacionais de Fernando Pessoa que me envergonham de tentar ostentar o mesmo título de poeta que nele cai tão perfeitamente.

"Eu não sou pessimista, sou triste."
...

"Se o coração pudesse pensar, pararia."
...

"Não há sossego - e, ai de mim!, nem sequer há desejo de o ter."
...

"E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, não sei o que penso nem o que sou."
...

"Somos todos míopes, excepto para dentro. Só o sonho vê com o olhar."
...

"No mais íntimo do que pensei não fui eu."
...

"De tanto ser, só tenho alma."
...


"Vale a pena existir para ao menos deixar de sentir."
...

"Tenho o cansaço antecipado do que não acharei"
...

"Há só um caminho para a vida, que é a vida..."
...

Espetinho

Na sua vida
sou passado
Nem bem
nem mau
Verdade crua
sou ao ponto
final