sábado, 3 de março de 2007

Fora dos trilhos


02/03/07

As ofertas que o Metrô Rio traz à população carioca são muito boas na medida em que a pobreza é um dos males que mais assolam a cidade. Com certeza, é melhor o cidadão sair da Pavuna para a Barra da Tijuca por apenas R$ 3 em vez de dispender gastos em diversas passagens e linhas de ônibus diferentes. Contudo, a proliferação de integrações entre ônibus e trens esconde a incapacidade do poder público em tornar concreta uma demanda das mais importantes para o estado: a ramificação total do metrô.

Qualquer grande cidade do exterior conta com metrôs que fazem o nosso parecer "ferrorama da estrela". Durante toda a história, as jogadas políticas só fizeram com que o metrô carioca crescesse de maneira pingada, construindo estações e buracos com proximidade absurda, como é o caso da Tijuca, com três estações cuja distância não supera os 20 minutos de caminhada em velocidade regular (Saens Pena - São Fco. Xavier - Afonso Pena). Sem falar na distância irrisória entre as estações Cinelândia e Carioca ou entre esta e Uruguaiana. Tudo isso feito para garantir que as obras se iniciassem e acabassem dentro de um mesmo governo, garantindo ao chefe do poder executivo da vez os louros pela inauguração de mais uma "grande obra" e, obviamente, rendendo alguns dividendos políticos.

E agora, com o programa "Metrô na superfície", a maquiagem ganha ares de super-produção. Em vez de termos um metrô ramificado, capaz de unir, de verdade, lugares distantes, somos obrigados a engolir mais ônibus rodando pela cidade, causando mais engarrafamento e mais poluição. Em vez de eliminarmos alguns problemas rodoviários com o metrô, ele serve para causar mais confusão nas ruas da cidade. E como todo mundo está sem grana, erguemos as mãos para os céus e agradecemos por agora enfrentarmos trânsito, aperto e demora por um preço mais barato. O que esquecemos de perceber, por fim, é que graças ao desprezo de nossos governantes, o povo continua pagando para se dar mal.

Nenhum comentário: