sexta-feira, 23 de março de 2007
Crônica da morte anunciada
Passa o reveillon, o carnaval, as barbáries, a "páginas da vida" e tudo o mais. Então, na calada da noite, na surdina das más notícias, eles vão e se auto-concedem o aumento.
A princípio, apenas (?!) 26,49%. Bem diferente dos quase 100% de antes. Mas, nas letrinhas pequenas, eles incluem que NÃO precisam mais prestar contas com despesas pessoais e de locomoção. Isso aí. Pegam nosso dinheiro e não dizem, sequer, se gastaram com aquilo a que o valor se propunha. Some tudo isso com os outros benefícios e aí, o salário quase dobra. Ou seja, os 100% voltam. Mas bonitinho e tragável por todos nós.
Para mim, o nariz vermelho e a conta, por favor.
Só que...
E, dos últimos escândalos, não houve um só, unzinho, que esteja pagando por nada. Nem Jefferson. Nem Dirceu. O argumento, lógico, não serve para inocentar os erros do passado. Mas passam a sensação de involução e de que a ré continua engatada e o pé aperta fundo o acelerador.
Ao menos isso
Só salvou-se mesmo -e ainda assim, só na semana seguinte- a sobriedade de Simon, que decidiu usar o parlatório para relembrar aos colegas -e quem sabe, à nação- que a destituição do então presidente, em 1992, teve, sim senhor, muita motivação e muitos fatos para ocorrer. O debate foi marcante e contou com boas pitadas de ironia por parte de Simon. "Vossa Excelência, senador Collor, daria um bom advogado. Joga com os fatos com muita maestria", disse o gaúcho quando o ex-presidente argumentava que os fatos do STF (que não encontrou provas suficientes para condená-lo) não permitiam mais argumentos. E coube ainda a Simon traduzir a revolta de muitos contra o Supremo, que nunca, em sua história, condenou nenhum político. "O Brasil é o país da impunidade não porque quando o 'joãozinho' rouba uma galinha não vai preso. Mas porque nunca o Supremo Tribunal Federal condenou nenhum político. Nem um deputadozinho sequer", disse Pedro Simon.
Os apartes de Arthur Vigílio (PSDB), Tasso Jereissati (PSDB) e Aloisio Mercadante (PT) foram grandes justificativas pelos apartes durante o discurso de Collor. Pareciam meninos envergonhados, pegos com a boca na botija. Não sei se foi fisiologismo. Não sei se foi oportunismo. Sei que faltava uma voz coerente no senado. E ela veio com Pedro Simon. Somente por isso, palmas para ele.
quarta-feira, 21 de março de 2007
Resumo do medo
Não é fácil viver em uma sociedade que cria esse tipo de medo. Pior do que termos sido capazes de criar essa selvageria é continuarmos a perpetuar essa autofagia animal. Às vezes duvido de nossa racionalidade propalada e me pergunto se não faço parte de um daqueles documentários do National Geographic. Sem nem contar com o benefício de saber ao certo quem é presa e quem é predador.
E por falar nisso...
E para isso, nada melhor do que a "filosofia social" proposta pelo sociólogo Emir Sader, logo após a brutalidade do menino que foi arrastado pelas ruas da cidade. "A sociedade tem que olhar para esses crimes como quem olha para o espelho, e se perguntar: que sociedade é essa que produz esse tipo de meninos? E não como quem olha pela janela, como algo alheio". É essa pergunta que o segurança das Lojas Americanas, seus supervisores que o orientaram a agir dessa forma, os funcionários da empresa que participaram e todos os que o ajudaram e o apoiaram, deveriam fazer.
Depois que se der o problema, a gritaria vai ser só bravata de quem não quer se responsabilizar.
táticas americanas
Ainda que os meninos estivessem cometendo (ou prestes a cometer) algum delito, o ato foi injustificável. O segurança acumulou as funções de força policial, juiz e carrasco. O pior de tudo é a gente tratar as crianças dessa forma agora e, no futuro, querer posar de bom-moço e dizer, com cara de desentendido, que não entende de onde pode vir tanta violência.
terça-feira, 20 de março de 2007
Maquiagem carioca
Resumidamente, gastaremos dinheiro (nosso) em cursos, aulas ou cartilhas (a notícia não especificava como seria feito nas bandas de cá) para, durante o período dos jogos, a população inteira fingir que é educada. Depois, tudo volta ao normal na cidade maravilhosa, já que sem jogos ou eventos do tipo, não se justifica investir em educação.
Cá pra nós, se no Pan-Americano houvesse medalhas por cara-de-pau, perigava todas ficarem por aqui mesmo.
Rio violência
Segundo o site, o objetivo é alarmar as pessoas para o alto índice de homicídios, muitas vezes relegado e "maquiado" pelas nossas autoridades, e abrir a discussão para o fim desta situação. É iniciativa válida para não nos deixar insensíveis à violência. Mas precisa contar com o acompanhamento de todos e -volto à mesma tecla- com a nossa cobrança de mudanças aos políticos e governantes.
Carona na falta de educação
E os passageiros? Esses ficaram lá, parados, esperando a boa vontade do motorista retornar ao veículo e seguir viagem. Ficou a impressão de que estavam ali de carona, dependendo da boa vontade do dono do carro, e não como pagantes pelo (péssimo) serviço de transporte.
E ainda temos de aguentar o sr. Secretário Estadual de Transporte, sr. Julio Lopes, a dizer que o trabalho dos ônibus é ótimo. Só se for pra ele, que tem carro do estado (dinheiro nosso) todo dia.
Promoção de chatices
Os locutores por vezes parecem alucinados. Querem transformar qualquer jogo no "melhor jogo do século". Chega a ser patético a maneira como se referem ao campeonato inglês. E ainda torcem de maneira descarada por qualquer time que tenha um brasileiro jogando. Dificilmente o jogador das bandas de cá será tão criticado quanto merece. E quase sempre será infinitamente mais elogiado do que o correto.
Agora, nada supera os jogos interativos. As famosas perguntinhas para serem respondivas via SMS do celular dos espectadores que, para ganhar alguma coisa, terão de enviar milhares de mensagens. A transmissão é interrompida centenas de vezes. E o intervalo dos jogos é ainda mais deprimente. Pra quem gosta de futebol internacional e não tem a opção da TV a cabo, é desligar o som e ficar ligado só na imagem.
quinta-feira, 15 de março de 2007
Para pensar
Entre estas últimas cito dois sites que, diante dos recentes escândalos que presenciamos (escolha o teor. Sejam os políticos, os sociais, etc.) têm se destacado no empenho de gerar um debate produtivo.
O Observatório da Imprensa, liderado pelo jornalista Alberto Dines é o primeiro. E, através dele, cheguei ao Montbläat, que tem Fritz Utzeri, jornalista e médico, como editor. Ambos, acompanhado de bons colaboradores, remam contra a maré de boa parte da imprensa atual que se satisfaz com a notícia-sensação e com o tilintar de moedas que elas proporcionam. É disso que a gente precisa. E não de publicitários a se promoverem perguntando o que será feito.
Por que perco meu tempo escrevendo este blog?
- Roberto Jefferson é inelegível. Mas recebe R$ 9 mil mensais de pensão pagos com dinheiro nosso;
- O deputado José Janene (PP - partido de Maluf) foi um dos inúmeros acusados de ser mensaleiro. Absolvido, não sofreu sanções. Mas agora, após três mandatos, receberá mais de R$ 12 mil de aposentadoria, por ter miocardiopatia. Dinheiro nosso;
- O próximo ministro da agricultura, deputado Odílio Balbinotti (PMDB), já chega na esplanada dos ministérios respondendo a um processo de falsidade ideológica no Supremo Tribunal Federal;
- Entre os pobres, o número de assassinatos é 40 vezes maior do que no bairro mais violento da Zona Sul;
- O Brasil gasta R$ 4.400 mensais para internar cada menor infrator em instituições “de recuperação”, contra apenas R$ 158 mensais por aluno no ensino fundamental, ou seja, R$ 1.900 por aluno/ano;
As fontes são diversas mas as tenho todas comigos. Se eu fizer uma única pessoa -somente uma, não peço mais- indignar-se como eu, este espaço terá servido para alguma coisa.
terça-feira, 13 de março de 2007
Minha guerra particular
Vinte e seis anos
não foram suficientes
para eu mostrar
todo o amor que sinto por ti.
Ainda hoje me dói a lembrança
e ainda sinto uma inocente esperança
de te ouvir atender o telefone
a dizer com graça meu nome
daquela maneira que só tua alegria
sabia fazer.
E é desta forma
que vou levando a vida.
Protelando a despedida.
Mantendo o porte,
mas permitindo as lágrimas
dominarem a cena
em meus momentos de solidão.
Mas em cada brecha encontrada
encaixo tua memória,
relembrando alguma história engraçada,
algum causo, alguma cena irreverente.
Te fazendo presente
em todos meus momentos.
E em meio ao sofrimento
me faço de forte
e negocio com a morte
os meus sentimentos
Sim, aceito tua ida
mas em contrapartida
exijo
o teu não-esquecimento.
segunda-feira, 12 de março de 2007
bola fora II
Melhor idade - Você sabe que o futebol brasileiro está decadente quando... os destaques da rodada são os vovôs Romário no Rio e Edmundo em São Paulo.
Vivemos em um país onde, a partir dos 35, a pessoa já dobrou o cabo da boa esperança. E por isso, vemos aí mão de obra qualificada, com terceiro grau ou mais, sem conseguir se alocar no mercado de trabalho. O talento de Edmundo e de Romário vale tanto quanto o de garotos como Alexandre Pato (Inter-RS) ou Ilsinho (São Paulo). Certas coisas, nobre Didi, não têm idade. Agora, botinudos como Fábio Bráz (Vasco), Magrão e Betão (Corínthians) podem até descobrir a fonte da juventude, que são totalmente dispensáveis para o bem do futebol brasileiro. Dentro de campo, a identidade é o que se faz com a bola no pé. E para quem sabe, a data de nascimento é coisa que importa pouco na hora de decidir. Homônimo de um craque que só fazia bonito, Didi de Araras marcou, sem se dar conta, um golaço para o preconceito.
bola fora
E, sem aprender com o passado, o rei continua a fazer projeções para o futuro. Tá lá no blog O mundo é uma bola, de Raphael Roque. Pelé disse que o México tem todas as chances de ser o Campeão Mundial em 2010. Em 94, ele apostou na Colômbia. Fracasso total. Em 2002, apontou França e Argentina como favoritas. Ambas não passaram, sequer, da primeira fase. E em 2006 previu uma final entre Brasil e Alemanha, que não chegaram lá. Quando será que ele vai desistir da função de vidente e se contentar com a de ser o melhor atleta do século. Depois, tem que aturar as críticas...
Coincidências...
Finda a trama, começa o BBB. E aí encontramos Alberto, que é mau como o capeta acordando. Pensa em eliminar um a um seus inimigos e até mesmo os "amigos". Tudo para ter sucesso. E já elegeu o seu adversário maior. Trata-se de Diego, um cara boa-gente, apaixonado, justo e sincero. Tudo indica que Diego vai sofrer até o fim e Alberto, com suas trapaças vai chegar bem perto da finalíssima. No final, a sorte deve virar. A justiça recairá sobre todos. Alberto será eliminado e Diego tera as bençãos (e o milhão) que sua história na casa merece.
É só coincidência, gente. Mas que parece mais, ah, parece...
Apoio global
Uma postura interessante, dado o fato de Romário jogar no Vasco de Eurico Miranda, eterno desafeto da Globo. Entretanto, desde a sua despedida pela seleção, em um jogo comemorativo aos 40 anos da rede, Romário tem sido desenhado com boa imagem pela mesma TV que tantas vezes focou em suas indisciplinas. É difícil dizer, com certeza, o porquê desta mudança de opinião. Mas eu me arrisco. Acho que Romário dá ibope. Chama público e faz a galera assistir ainda mais o clã dos Marinho. Além de dar uma outra roupagem para um campeonato que poderia estar maculado pelos desmandos de uma federação afundada na lama da corrupção. O que ajuda, é claro, a vender o produto.
Uma mão lava a outra. Romário leva público para a Globo que, como retribuição, utiliza seu poder de afirmação para chancelar os 1000 gols do baixinho. Eu, do meu canto, aplaudo e acho justo. O baixinho merece.
sexta-feira, 9 de março de 2007
U-hu noviguaçu!
Ao menos, é assim que pensam os vereadores da Câmara Municipal de Nova Iguaçu. E também uma penca de moradores. A casa aprovou uma moção de homenagem à participante do BBB7 Fani. Segundo o dono da idéia, Marcos Rocha (PRONA), Ela é " musa do município. A população está radiante por ter uma representante de Nova Iguaçu na TV todo dia. Ela é o orgulho da Baixada". E tem gente, como a amiga de Fani, Petra Pilloto, que diz que agora "o Brasil conhece Nova Iguaçu e não é só pela violência. Ela merece todas as homenagens".
Só para ver se eu entendi. A menina fica lá na TV mostrando seu corpo (e que corpo, por sinal!), desfilando pela casa, falando palavrão, fumando cigarro e gritando o nome de Nova Iguaçu e, por isso, vai receber uma homenagem?! O que, de concreto, ela fez pela região?! Diminuiu crimes, elevou a taxa de educação ou contribuiu para a erradicação da pobreza local? Não. Mas tem gente no interior do país que agora conhece Nova Iguaçu. Ah tá... Eu vou é de Caetano mesmo. "Alguma coisa está fora da ordem..."
Foto: G1
Abre alas de novela
Jogou pra torcida, na verdade. Porque eu, você, ele e todos os espectadores do BBB já sabíamos que a resposta seria um não. E lá vieram aqueles acordos que não servem para nada, a não ser virar tema de matéria de jornal. No fim, Lula aproveitou para fazer uma metáfora sexual ("é preciso achar o ponto G das negociações") e assim falar a linguagem do povão. Garante uma bela aparição no jornal Nacional. Que, se bobear, ainda usa a fala presidencial para fazer link com a novela das 21h, que mostra mais sexo do que o Multishow durante as madrugadas.
E, aproveitando o ensejo, na política externa do etanol, a festa, mais uma vez, vai acabar sendo no ponto G da gente mesmo.
quinta-feira, 8 de março de 2007
Intolerância zero
Um brasileiro foi morto, na Flórida, ao ser surpreendido pela polícia local com uma faca na mão durante uma discussão com seu colega de quarto, também brasileiro. Segundo informa o jornal, o brasileiro não cedeu às investidas policiais para que largasse a faca e, diante disso, houve tiros que mataram um e feriram gravemente o outro. Ou seja, para salvar uma vida, os policiais praticamente acabaram com duas.
Uma operação matematicamente furada e que, infelizmente, muitos brasileiros consideram exemplo para ser seguido nas favelas cariocas. Afinal, "quem mora no morro, não sonha não, moço".
A gente não quer só comida
Com os passos, desradicalizei-me. Lembrei-me de mim mesmo mais jovem. Quantas vezes, com vida apresentando alguns problemas, não me ausentei de tudo e foquei minha atenção em uma partida do meu time? E não foram poucas as situações em que uma reles vitória, ainda que não me desse nada de concreto, tenha sido suficiente para um sorriso mais duradouro no rosto e uma força maior para seguir em frente.
A verdade é que quando olhamos um cidadão de rua achamos que a ele basta ter comida doada por alguém e uma roupa para se cobrir no frio. E pronto. Como se as demais necessidades humanas não estivessem dentro da gente e sim estampada em paredes de casas e apartamentos. Moradores da rua também sentem desejos, tem emoções, ficam tristes, alegres e nervosos. Indignam-se, opinam, exaltam-se, se frustram, excitam-se, sentem medo e toda a sorte de sentimentos que nos afeta. Por uma razão muito simples: são seres humanos como nós. Razão essa que, irresponsavelmente, nos esquecemos. Mas cuja lembrança pode contribuir para melhorar muita coisa.
quarta-feira, 7 de março de 2007
Palavras ao vento
Foi isso, e só isso, o que aconteceu hoje, durante as comemorações pelo Dia Internacional da Mulher, na Cidade do Samba. Lula fez sua bravata ao afirmar que "sexo é uma coisa que todo mundo gosta e é quase uma necessidade orgânica". A alfinetada na igreja foi só para garantir a aparição em destaque. Daqui a algum tempo, ele aparece de braços dados com algum bispo, padre ou frei e, até lá, já teremos todos, católicos, espíritas, evangélicos e macumbeiros, esquecido deste episódio.
O testemunho de Cabral, garantindo que continua "sujeito-macho" mesmo depois da operação de vasectomia, segue a mesma linha das palavras presidenciais. Não serve para nada. No máximo para as mulheres falarem para os maridos frases como "viu, banana? Ele fez e tá lá. Toma vergonha e vai cortar isso aí, senão corto eu mesma".
O fato é que ambos estão nos sites de hoje e estarão nas capas dos jornais de amanhã. Durante a semana, alguns bares e botequins terão discussões sobre a virilidade de Cabral e os pecados de Lula. Mas uma abordagem séria sobre o aumento no índice de casos de AIDS e a enorme quantidade de adolescentes grávidas, isso nós não teremos. Afinal, falar sério de política no Brasil dá menos ibope que reprisar novela.
Foto: O Globo Online
Dois pesos, duas medidas
Desta vez sobram os incentivos a uma política de controle de natalidade e até mesmo à idéia de que é necessário morrerem alguns para se fazer justiça. A diferença de barbárie entre os casos é pouco para explicar as reações distintas. Elas se devem a uma forma diferente de encarar a morte de pessoas no asfalto e a morte de pessoas no morro. É como se o menino assassinado houvesse perdido, de fato, uma vida inteira pela frente. E que o destino da menina, no morro, fosse ser esse mesmo, sem mais saídas. No fim, tem gente culpando os moradores pela violência, a mãe por ter tido tantos filhos e daqui a pouco surgirá alguém culpando a menina por ter ido deixar a irmã na creche.
Quando a mãe de Alana fala a triste frase "Quem mora no morro não tem sonho" a gente deveria parar e refletir sobre que tipo de justiça nós realmente queremos. Mas a "classe média carioca" prefere auto-isentar-se da culpa e, no fundo, acaba achando que é isso mesmo. E, à noite, alimenta o sonho de um bomba "divina" destruir, quem sabe, todas as favelas da cidade. Sem saber que com esse pensamento, e suas atitudes conseqüentes, contribui ainda mais para fazer do Rio esta cidade partida.
Fatos do Rio
O motoqueiro sem camisa ainda dizia "obrigado" aos pedestres. Ah, bom...
terça-feira, 6 de março de 2007
Requisitos
só com muito gelo.
Pra dormir
preciso da TV ligada.
Strognoff tem de ter
batata-palha.
Filmes de terror
só de dia.
Perfume
em grande quantidade.
E pizza, tem de ser
calabresa
Agora
Quando o assunto
é Guilherme
Aí não importa.
Sujo ou limpo
Chorando ou rindo
Feliz ou triste
Quieto ou agitado
Em qualquer situação
estou sempre a postos
Amor de verdade.
Sem exigências.
segunda-feira, 5 de março de 2007
Acima do bem e do mal
A discussão versava sobre os atributos que Dulci teria (ou não) para ser merecedor de tal título. Durante as apresentações e apartes, auxiliados pelos homônimos Rodrigo Neves (PT) e Rodrigo Dantas (PFL), os deputados ensaiaram um embate pseudo-ideológico entre seus partidos, mas ao final, entre sorrisos e abraços, a homenagem foi devidamente aprovada por unanimidade, como queria o proponente petista.
O que muda pra gente isso? Nada. Mas é o suficiente para nascer uma revolta. Seria bom, talvez, avisarem aos parlamentares que há vida inteligente do lado de fora da Assembléia.
Teatro do absurdo
Perder os movimentos das pernas ou jogar fora uma vida cheia de sonhos e potenciais já não é mais chocante. Morrer de tiro hoje é doença. Não vende mais jornal. Esse é o pior dos indicativos que podemos encontrar nesta situação de violência. É nele que mora o meu medo. Não sei o que deve ser feito. Minha contribuição é inversa e reza o que não deve ser feito. Não podemos mais ficar esperando da mídia (ao menos daquela ligada nas massas) grandes contribuições. Ela se preocupa em vender mais que a concorrência. Não podemos mais achar que passeatas de branco, camisas pretas ou fotos no orkut servem para alguma coisa. Os sinais do crime são muito mais palpáveis e causam muito mais estragos. Não adianta culpar o outro. Temos de nos implicar nesses problemas.
Fica a sugestão de uma medida que tomei há tempos. Não esqueço o nome das pessoas que votei. Cobro elas. Por email, telefone e carta. Não obtive grandes resultados, é verdade. Mas talvez, com mais algumas milhões de pessoas lotando seus mailboxes, ou congestionando seus telefones, pode ser que alguma coisa a mais aconteça. E dessa vez, para o nosso bem.
Pré-primeiro de abril
Mas neste último domingo, a situação ultrapassou até mesmo os largos limites do programa. O entrevistado da vez, o secretário estadual de transportes Julio Lopes, em meio a suas hipérboles eleitoreiras, falava sobre o trabalho da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro), que congrega os sindicatos de empresas de ônibus do estado. E aí aconteceu o despautério. Julio pôs-se a elogiar a federação, alegando que o serviço prestado é de qualidade reconhecida, com segurança, celeridade e eficiência. Durante alguns segundos, tive dúvidas se o entrevistado não era secretário de transporte de alguma cidade da França ou da Suíça. Acordei e vi que não. Era apenas mais um político que demonstrava descaso com os problemas enfrentados pela população todos os dias em ônibus velhos, mal cuidados, lotados e com profissionais grosseiros. Deve ser porque o estado (dinheiro nosso) oferece para ele carro particular com todas as benesses que faltam a quem depende do transporte coletivo. Em seguida, entraram os comerciais. Alguém adivinha de quem foi a propaganda?
domingo, 4 de março de 2007
Ou isso ou aquilo, ora!
Entretanto, quando um time perde, os técnicos -Vanderlei inclusive- justificam a derrota com a ausência de determinado(s) jogador(es), considerados por eles como titulares importantes para a equipe. E aí fixa-se a incoerência. Por vezes, são os próprios treinadores a dividirem os grupos em reservas e titulares. E aí, não sobra espaço para criticar os jornalistas. É o típico caso em que pensar um pouquinho antes das declarações faz bem, para evitar que o entrevistado vire vítima do veneno de suas próprias críticas.
Imparcialidade zero
Uma pena que o sr. Eurico Miranda relegue a torcida desse grande clube, outrora conhecido como "Gigante da Colina", a torcer contra o seu arqui-rival. Quando será que isso vai acabar? E a justiça continua como antes. Cega, lenta e, a princípio, ineficiente para resolver a vergonha que foram as eleições vascaínas.
Bola murcha
A contratação do atacante Souza teve mais confetes que a ocasião merecia. Souza já foi jogador do Vasco e tenho na memória as diversas vezes em que ele levou a torcida cruzmaltina à loucura. Não com grandes jogadas ou belos gols. Do contrário, com erros constantes e a sucessiva perda de gols. Ele nunca foi o craque que pareceu ser. E o fato de ter sido o artilheiro do campeonato brasileiro do ano passado só reforça a tese de uma disputa nivelada por baixo, já que os grandes craques brasileiros -principalmente os atacantes- estão no exterior. Suas últimas atuações pelo Flamengo só comprovam o que eu disse desde o início para amigos flamenguistas. Em vez de servirem para lhe garantir a vaga, parece que a cada partida, Souza reafirma e reforça o laço entre a torcida e o atacante Obina.
Foto: http://www.opovo.com.br/esportes/futebol/img/661391_not_fot.jpg
Complicou
O Madureira já demonstrou na partida do sábado de carnaval (em que a desculpa de Potosí justificou a derrota) e na de hoje que tem um elenco que pode até não primar pela plasticidade de jogo, mas que esbanja experiência e ainda sabe usar a malandragem típica do subúrbio carioca. O time é muito aplicado e a vitória de hoje deu uma vantagem significativa para o jogo de quarta. Um pouco de inteligência e muita dedicação dentro de campo podem ser suficientes para garantir o inédito título ao tricolor suburbano.
Um detalhe interessante da partida. A injusta expulsão do atacante Marcelo, que a princípio prejudicaria o Madureira, parece ter tido efeito contrário. Os jogadores tricolores, como que mordidos ante o erro do árbitro, pareceram se multiplicar em campo e o gol saiu quando o rubro-negro ainda levava vantagem no número de jogadores. Mais um fator que demonstra que o Flamengo vai ter de suar a camisa, e muito, para impedir que a taça vá para a terra da Portela.
sábado, 3 de março de 2007
Páginas perdidas
A discussão sobre a participação do Ministério Público é sempre bem vinda em um país que mal acaba de largar as fraldas após um período intenso de ditadura. Mas é bom também que comecemos a tomar responsabilidade e entender que essa desculpa não pode ser utilizada como grito comum a cada vez que o Estado tentar recomendar ou sugerir algo àqueles que produzem conteúdos para as massas. Jornais, redes de TV e de rádio têm responsabilidades, pois agem sob a égide de "verdadeiros e objetivos". Por isso, quando estão transmitindo conceitos e valores para milhões de pessoas podem - quiçá devem - estar alinhados com grupos e setores da sociedade, entres estes o próprio Estado através de suas entidades nacionais, estaduais ou municipais. Sem prevalência ou imposição. Mas através de um diálogo sadio e positivo.
Entretanto, o pior de tudo não está aí. Está no fato do colunista defender a novela e seu autor como os grandes nomes da luta contra os preconceitos. Utilizando expressões típicas de nosso presidente ("nunca se viu uma novela que atacasse tanto o preconceito") o jornalista eleva Manoel Carlos à condição de injustiçado e afirma que este fez, ainda que sem obrigação, "mais pelos portadores de Síndrome de Down e por seus familiares do que qualquer campanha do Governo". Não é verdade. Manoel Carlos pontuou sua história com diversos assuntos importantes para a sociedade (síndrome de Down, alcoolismo, homossexualismo, abandono familiar, o perigo enfrentado pelos servidores da justiça, anorexia, racismo, dentre outros) sem se aprofundar em nenhum e sem permitir que qualquer desses fique marcado na sociedade. Na realidade, a partir de segunda-feira, com a estréia de "Paraíso Tropical", as páginas da vida voltarão a ser individuais e os temas cairão no esquecimento que lhes é peculiar. Seria mais benéfico se o autor escolhesse um deles -somente um- e se destinasse a utilizar a enorme audiência de seu folhetim para, de fato, contribuir com a evolução da sociedade. E a novela ainda pecou ao colocar os pais do menino brutalmente assassinado no Rio de Janeiro, de maneira sensacionalista, parecendo estar apenas em busca dos grandiosos números do IBOPE. Se Manoel Carlos teve algum mérito foi falar em tais assuntos. Só e nada mais. E isso de maneira confusa e inacabada em diversas situações. Dizer além disso sobre ele é falso e pode passar a impressão de que o fato do jornal onde está a coluna levar o mesmo nome da rede que transmite a novela acaba por influenciar determinadas opiniões. Prefiro crer que não é o caso.
Por fim, se o colunista aqui citado fosse, de fato, engajado na luta contra o preconceito em relação às pessoas com deficiência, não usaria mais o termo "portador de Síndrome de Down". O verbo "portar" é adequado para situações em que é facultada a seu sujeito a opção do porte ou não. Portar uma arma ou uma mochila. Não é esta a situação de quem tem a referida síndrome. Por isso, aconselha-se usar "pessoas com deficiência" e "crianças com Síndrome de Down" em vez de "portadores de deficiência" e "crianças portadoras da Síndrome de Down". Uma pequena mudança de palavra, ferramenta de trabalho de um jornalista, que poderia indicar uma postura verdadeiramente atuante e seria uma falha a menos em um texto totalmente dispensável nos dias atuais.
Casa nova
Àqueles que me acompanham, renovo o convite para novas discussões.
Novo de novo
Só para ratificar o que eu falei no post anterior. Reportagem do O Dia Online do dia 27/02 informa que, apesar da inauguração da estação Cantagalo do Metrô Rio realizada naquela data pelo governador Sérgio Cabral, a ex-governadora Rosinha Garotinho já havia "dado luz" à dita estação em 18 de dezembro do ano passado.
Para não perder as fotos no jornal, a então governante fez uma viagem "inaugural" e, dez minutos após os flashs e as entrevitas, a estação foi novamente fechada e voltou às obras, para ser reaberta de fato 69 dias depois. E nas próximas eleições, lá vamos nós aturar a reinvidicação pela "paternidade" (ou "maternidade") da bendita obra, que no fim das contas fica bem pertinho mesmo da estação Siqueira Campos. É a sina dos cariocas. Quem sabe de buraco em buraco, a gente não chega lá.
Fora dos trilhos
As ofertas que o Metrô Rio traz à população carioca são muito boas na medida em que a pobreza é um dos males que mais assolam a cidade. Com certeza, é melhor o cidadão sair da Pavuna para a Barra da Tijuca por apenas R$ 3 em vez de dispender gastos em diversas passagens e linhas de ônibus diferentes. Contudo, a proliferação de integrações entre ônibus e trens esconde a incapacidade do poder público em tornar concreta uma demanda das mais importantes para o estado: a ramificação total do metrô.
Qualquer grande cidade do exterior conta com metrôs que fazem o nosso parecer "ferrorama da estrela". Durante toda a história, as jogadas políticas só fizeram com que o metrô carioca crescesse de maneira pingada, construindo estações e buracos com proximidade absurda, como é o caso da Tijuca, com três estações cuja distância não supera os 20 minutos de caminhada em velocidade regular (Saens Pena - São Fco. Xavier - Afonso Pena). Sem falar na distância irrisória entre as estações Cinelândia e Carioca ou entre esta e Uruguaiana. Tudo isso feito para garantir que as obras se iniciassem e acabassem dentro de um mesmo governo, garantindo ao chefe do poder executivo da vez os louros pela inauguração de mais uma "grande obra" e, obviamente, rendendo alguns dividendos políticos.
E agora, com o programa "Metrô na superfície", a maquiagem ganha ares de super-produção. Em vez de termos um metrô ramificado, capaz de unir, de verdade, lugares distantes, somos obrigados a engolir mais ônibus rodando pela cidade, causando mais engarrafamento e mais poluição. Em vez de eliminarmos alguns problemas rodoviários com o metrô, ele serve para causar mais confusão nas ruas da cidade. E como todo mundo está sem grana, erguemos as mãos para os céus e agradecemos por agora enfrentarmos trânsito, aperto e demora por um preço mais barato. O que esquecemos de perceber, por fim, é que graças ao desprezo de nossos governantes, o povo continua pagando para se dar mal.
Vale o registro
Vendo as estatísticas de acesso deste blog, descubro que, desde o dia em que o criei, ele já foi acessado 211 vezes. Creio que há, nesta conta, a minha participação, já que estou sempre dando uma passada para conferir um ou outro recado.
Mas mesmo assim, é bem alto diante do que eu esperava. Não tenho idéia de quem sejam esses leitores, salvo um ou outro conhecido que se aventura a deixar cometário. De qualquer forma, sejá lá quem for, fica o meu agradecimento pela atenção.
Copiar pra quê?
A pergunta que fica, após assistir o desfile das campeãs pela TV Bandeirantes, é: Por que cargas d'água eles têm de copiar o formato de transmissão da Globo?
Se o modo como a Globo transmiste o desfile já é passível de várias críticas, a tentativa da Band de copiá-lo é risível. Uma penca de repórteres inexperientes no assunto tentando fazer com espectadores, foliões, mestres de bateria, rainhas e puxadores se sintam a estrela do momento.
Fica a ruim sensação de que estamos fadados a dois tipos únicos de espetáculo: O global, que desperdiça toda a tecnologia em prol da manutenção de uma audiência massificada e os demais, que tentam copiar, de maneira mambembe, a líder, quando poderiam diversificar e oferecer, ao público, alguma coisa diferente nessa mesmice da televisão brasileira.
Justificativa
No dia em que meu time perdeu
chorei
Por vários motivos
que não têm nada de poético
A derrota de meu time
foi apenas uma desculpa
Uma desculpa dolorida
incisiva, catalisadora
Como bater com o carro
após uma traição de amor
Lins Imperial é campeã do grupo B
O retorno da Lins Imperial ao grupo A é, na minha opinião, o grande destaque positivo neste carnaval. A escola povoa as lembranças dos meus mais remotos carnavais. E andava, há muito tempo, escondida pelos grupos de acesso. Não pode ficar na terceira divisão. Fica a torcida por um bom desfile em 2008.
A nota triste vem sempre relacionada à queda para o acesso. E nesse ano, foram várias. Além da Estácio de Sá (herdeira da primeira escola de samba, a "Deixa Falar") não ter conseguido ficar por mais um ano no especial, depois de tanta ausência, a queda do Império Serrano foi de doer. Não vi muitos desfiles, mas não tinha achado o do Império assim tão ruim não. E no grupo A, a Tradição, que também tem o carinho de muitos, continua seu caminho ladeira a baixo. Foi para o Grupo B e, se continuar assim, em 2009 não desfila no sambódromo. Que ela faça valer o seu nome encontre o caminho da subida!
Quanto aos títulos da São Clemente (Grupo A) e da Beija Flor (Especial) não me agradaram. Mais um ano, deixaram a sensação de que jurados vêem coisas que nós, reles mortais, não conseguimos ver. Tem gente que fala que eles vêem mesmo. E que essas "coisas" são verdinhas e em grande quantidade. Tomara que seja só boato...
boi tá onde?
Uma famosa empresa de bebidas (essa mesma que você está pensando) decidiu apoiar um famoso bloco de carnaval carioca. Só esqueceu de combinar certinho a data e o horário.
O bloco desfilou no domingo e a empresa se preparou para estar no desfile apenas na segunda-feira. Quando um funcionário da empresa ligou para um integrante do bloco, a resposta foi desalentadora: "Hoje? O desfile foi ontem..." Sorte dos foliões, já que a empresa previa vender cerveja no local por absurdos R$ 3 cada latinha, sem direito aos isopores camaradas, que vendem por um real a menos.
glotristeza
Sinceramente, é muito ruim assistir ao desfile das escolas de samba pela televisão. E essa dificuldade se multiplica quando nossa única opção é a transmissão global. A globo pasteuriza todas as escolas e, ao final, a impressão que dá é que, ou todas cairão, ou todas serão campeãs, o que, no fundo, dá no mesmo. Por isso, nem no domingo nem na segunda, consegui me manter acordado além de três escolas.
Por amor à escola, ontem ainda cheguei a contemplar o início da Portela. Mas o sono, que já era forte pelo dia, se agravou com os comentários monótonos do Cleber Machado e não cheguei, sequer, a assistir o segundo carro alegórico da escola. De qualquer forma, acordei ávido por notícias e li que o desfile foi corrido, ainda que belo, mas que a agremiação tem chances de voltar no sábado. Com amigos, apurei que não foi bem assim. O desfile transcorreu normalmente, e quem estava na última ala passou pela Marquês de Sapucaí em cerca de 30 minutos, o tempo normal. Ou seja, é muita gente falando besteira por aí, não? A torcida continua e, pela garra e dedicação que me disseram dos componentes, vamos esperar que sábado a gente veja de novo a escola entre as campeãs. E continua a esperança que surja uma nova "manchete" para fazer frente ao "padrão globo".
Foto: www.oglobo.com.br
Fatos do Rio
A foto abaixo pode lembrar, de leve, o piscinão de Ramos. Mas não é. Foi tirada durante o domingo de carnaval, na praia da Urca, um dos pontos mais nobres da cidade. O local é ponto certo para "praieiros" dos mais distantes locais da zona norte, subúrbio e até mesmo baixada fluminense. Ao contrário do que uma visão mais preconceituosa possa querer enxergar, tudo convivido na maior paz e tranquilidade. Uma união de classes que poucos lugares são capazes de produzir. Dentre eles, o Rio de Janeiro.
Que essa democracia possa se estender a, cada vez mais, novos aspectos do nosso cotidiano. E que, em um breve futuro, cenas como essa não sejam mais dignas de registro, tão comuns que serão.
Foto: Raphael Santos
Apesar dos pesares II
Eu tento esquecer os assuntos tristes (como o do post anterior), mas é difícil. Contudo, pelo lado bom da coisa, é realmente fantástico ver o desfile do grupo de acesso das escolas de samba do Rio de Janeiro tão lotado quanto durante a apresentação do grupo especial.
Ainda que o carnaval não seja mais como outrora, é inegável que, após um período de cisão entra a festa e a grande massa, ações como os ensaios técnicos com arquibancadas gratuitas e a força da transmissão do grupo de acesso têm popularizado novamente a maior festividade da terra. Além disso, os blocos de rua (principalmente aqueles menos famosos mais nem por isso menos divertidos) também têm papel de peso nessa reaproximação povo-carnaval. Binômio fundamental para devolver a alegria à essa cidade tão lacrimejante.
É fato que semana que vem tudo volta ao normal. E a esperança parece se perder nas fantasias da folia. Mas, se já foi pior do que está, pode ser um sinal de que, em algum ponto, já melhoramos. E aí, fica o sonho de podermos melhorar ainda mais. Tomara...
Foto: http://odia.terra.com.br/
Apesar dos pesares
Segundo o presidente da Riotur, Luiz Felipe Bonilha, em intervenção na exibição do desfile das escolas de sambas do Grupo A do Rio de Janeiro, a cidade bateu recordes em turistas estrangeiros neste carnaval, e até terça-feira, 13 embarcações terão ancorado no píer da Praça Mauá, com mais de 30.000 gringos.
Ainda que possam ser tirados dos números os descontos naturais da política brasileira, é notória a vocação da cidade para o turismo, ainda que suas últimas notícias sejam tão tristes e aterrorizantes. O que seria desse município se, ao invés de deixarmos nossos jovens às mãos do narcotráfico, eles fossem preparados para receber os estrangeiros, sendo remunerados por isso e podendo levar uma vida digna? É triste ver tão grande potencial inaproveitado diante da preservação da miséria em restaurantes populares e da manutenção constante da violência, permitindo as escolas de crime ao invés de tantas outras que poderíamos ter.
Vôo baixo
Segundo informações de amigos meus que irão desfilar, a Portela segue em sua conturbada gerência pré-carnavalesca. Escolas bem menores do grupo de acesso já entregaram as fantasias a seus componentes e a tradicional agremiação de Oswaldo Cruz e Madureira ainda não tem previsão em várias alas.
Quem, como eu, esperava que a sétima colocação do ano passado fosse representar uma arrancada rumo ao fim do jejum de títulos pode ter de passar a quarta-feira de cinzas rezando para evitar o rebaixamento. Independente de tudo, a torcida continua para que o coração e o amor à escola consigam fazer a águia voar mais alto.
Foto: http://www.gresportela.com.br/site/fotos/velhaguarda2.JPG
O que temos com isso?
Diante de crimes (cada vez mais) bárbaros, a comocão, o choque, a revolta e a sede de vingança são naturais. Além disso, são até necessárias para nos firmar como seres humanos e nos diferenciar de sujeitos capazes de tais atrocidades. Contudo, toda essa miscelânia de sentimentos não pode nos fazer perder o senso de razão diante dos oportunistas de plantão que tentam vender a idéia de que somente uma ou duas ações pontuais serão suficientes para resolver o problema da falta de segurança.
O sociólogo Emir Sader levou ao Blog do Ancelmo Gois uma reflexão que é fundamental para enfrentarmos a extrema situação em que chegamos: "A sociedade tem que olhar para esses crimes como quem olha para o espelho, e se perguntar: que sociedade é essa que produz esse tipo de meninos? E não como quem olha pela janela, como algo alheio".
Se não conseguirmos responder a esse tipo de questão podemos reduzir a maioridade penal até os espermatozóides que a violência vai ser daqui pra pior...
Dúvida
"Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa etária."
"O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente."
Todo mundo concorda que as afirmações acima são fundamentais para uma sociedade de direito. Não fui eu quem as escreveu. Fazem parte da Lei 8069, de 1990, mais conhecida como o Estatuto da Criança e do Adolescente. Diante da lei, cabe uma pergunta: Se durante 17 anos não fomos capazes de atender às exigências mais básicas e óbvias deste estatuto, por que iríamos então atender, com presteza, a uma nova lei que baixa a maioridade penal para 15, 13, 11 ou 09 anos? Quem souber, levante a mão...
Voto em branco
Na prática, se você votou no Carlos Minc, do PT, você acabou elegendo Ronaldo Medeiros, do PSB. Ao menos, enquanto Minc durar no governo de Sergio Cabral (PMDB). As outras trocas são: Alcebíades Sabino por Antonio Pedregal (PSC), Noel de Carvalho por Delio Leal (PMDB) e Christino Aéreo por Geraldo Moreira (PMN). No Brasil, segundo o site de notícias G1 já há mais 32 situações como essa do Rio. E a tendência é aumentar.
Vale ressaltar que o processo é totalmente legal e com previsão em lei. Contudo, não seria mais ético que, durante a campanha eleitoral, conhecêssemos, além dos candidatos titulares, seus suplentes também? Não é importante que eu saiba quem é a pessoa que, eventualmente, vai ocupar a vaga do meu candidato? Nesses casos, valeria a pena ir além da lei para podermos atender a ética. Mas isso em um país sério. Por aqui, vamos nos preocupando entre o Alemão e o Justin mesmo...
Foto: http://www.narconews.com/images/change_minc.jpg
De olho no que importa...
Mas hoje é dia de paredão no Big Brother Brasil. E todo mundo sabe que ou Diego "Alemão" ou Fernando "Justin" terão de deixar a casa. Ou seja, basta dar uma espiadinha por essas terras, para entender porque as coisas andam como estão...
Foto: Montagem do autor
filme repetido
O Fluminense parece não aprender mesmo. A pífia e inacreditável atuação do tricolor carioca na Taça Guanabara de 2006 repetiu-se em 2007. E, na penúltima rodada do turno, o time já estava eliminado das semifinais atrás do Friburguense, que ainda tem chances matemáticas.
Os analistas e comentaristas ficam a se perguntar: O que houve? Por que o clube que mais investe em contratações (17 novidades na temporada atual) não consegue traduzir, nos jogos, o potencial que apresenta? Eu, do alto da minha arrogância e metidez, arrisco o meu palpite. O erro não está nas contratações e sim na forma como elas são feitas. Já é o segundo ano consecutivo que se comenta as aquisições tricolores como se o clube fosse o Real Madri. E a realidade é bem diferente.
O Fluminense armou um time competitivo. Nada além disso. Jogadores como Soares, Cícero, Fabinho e Thiago Silva podem - com ênfase na semântica do verbo - vir a formar uma equipe campeã. Mas nada que seja capaz de meter medo em um Vasco de Morais, um Flamengo de Obina ou um Botafogo de Dodô. Carlos Alberto joga muito, mas ainda não é esse craque capaz de carregar todo um elenco nas costas. E Alex Dias nem no São Paulo conseguiu ser aquilo que o fez destacar-se no Goiás e no Vasco. Soma-se a isso um técnico com carreira ainda inexpressiva e uma torcida que espera um time ao nível dos melhores clubes europeus. Longe do erro estar nas contratações, é na expectativa que se coloca sobre o clube que reside a explicação para tantos fracassos.
Luiz Alberto (esq), Soares (centro) e Fabinho. Três das 17 caras novas nas Laranjeiras.
Foto: http://www.estadao.com.br/banco/img/livre/2006/12/532006122815124415flu1.jpg
Pequenos crimes
diluídas, escondidas,
mal faladas.
Mas minha droga de vida,
essa, anda sempre liberada.
Pirotecnia midiática
A postura da maior parte da imprensa brasileira e carioca na cobertura da última barbárie com um menino de seis anos é altamente reprovável. Sob o disfarce da "investigação jornalística", as matérias trazem em si um conteúdo de drama, levando os leitores às lágrimas mas os afastando da racionalidade necessária para se discutir um tema fundamental como este.
Manchetes espetaculares, fotos desnecessárias e depoimentos colhidos no auge da emoção são ingredientes importantes para vender jornal. Porém, um assunto como este (e como outros que aconteceram há não muito tempo) deve servir mais do que para embrulhar peixes nos dias seguintes. E a imprensa poderia adotar uma postura mais pró-ativa, capaz de ser o canal entre a população e as autoridades. Alguns poucos veículos têm buscado agir dessa forma. O problema é que a maioria insiste na lógica comercial, usando a desculpa canalha e irreparável de que "publica aquilo que o povo quer ler". E nós ficamos aqui, esperando novas manchetes que substituam essa triste história que será esquecida por todos - exceto pelos familiares e amigos - jogando fora a chance de discutir, minimamente, as mudanças que a sociedade atual exige para não continuar nessa "autofagia social".
Vovô polêmico
12/02/07
Impressiona-me a má vontade de tantas pessoas perante a incansável busca de Romário pelo seu milésimo gol. Vai ver eu é que me impressiono demais. É o mínimo que poderia acontecer em um país onde pessoas com quarenta anos já são consideradas "velhas" para o mercado de trabalho. Que exalta os jovens bem-sucedidos que alcançam seu primeiro milhão antes das três primeiras décadas de vida (ainda que para isso tenham de passar dias exibindo-se para todo o brasil). E que resignam-se a torcer, nas novelas, pelo amor de "helenas" e uma outra personagem qualquer.
Na Argentina, Maradona tem vaga na seleção até hoje. Na Alemanha, Beckenbauer foi conduzido a organizador da Copa do Mundo. Aqui, ridicularizamos Pelé por tudo o que ele fala. E tratamos a busca de Romário como a sandice atual de um "velho gagá". Seremos nós a vanguarda das opiniões ou é somente a mesquinharia brasileira que está mais forte do que nunca?
Foto: http://www.oglobo.com.br
Aviso prévio
Esse é o primeiro de - espero eu - muitos posts que virão por aqui. Já anotei a senha de acesso, para eu não perder mais este Blog, como os criados anteriormente (http://gravidezpaterna.blog.terra.com.br e http://www.poetar.blogspot.com/).
Se alguém passar por aqui, já será motivo de comemoração. Agora, que fique bem claro a quem passar. Regularidade não será o forte deste espaço. Um post hoje, outro só mês que vem. Um sobre futebol, outro sobre político. Em um dia, poesia. No outro, amenidades. E por aí vai. A quem dedicar um espaço de seu dia, nenhuma promessa, apenas um sincero obrigado.